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Psicologia, psicanálise e ciência - o que pensa o ICW


Nesse último mês, a psicologia tem sido palco de discussões se a Psicanálise é uma ciência ou não. E, se ela pode se enquadrar na psicologia baseada em evidências. Christian Dunker fez uma edição do programa "Falando nIsso" (assim mesmo, com I maiúsculo) e o canal Psicolosofia respondeu questionando Dunker.


O ICW se posiciona talvez numa terceira via, inspirado no midle group de Winnicott, um pediatra que se tornou teórico da psicanálise sem a pretensão de sê-lo. Winnicott não se preocupava com isso.


Há controvérsias de todos os lados se a Psicanálise é ou não uma ciência. O conflito está posto. Presente nesse embate. E o conflito não é algo a ser resolvido, mas sim a ser suportado.


Dentro dos critérios de ciência, um deles o princípio da falseabilidade, parece que a psicanálise não se enquadra. A psicanálise não seria uma ciência, afinal, como refutar o objeto de estudo da Psicanálise? Como testar a existência do inconsciente? E, ainda, como incluí-la na psicologia baseada em evidências que exige que o inconsciente se evidencie?


Quando o inconsciente se revela, ele se torna consciente — ou se revela por já ter escapado da tal censura e ter um registro no pré-consciente. Portanto, já não é mais inconsciente. Talvez, esse paradoxo dificulte enquadrar a Psicanálise nos critérios da psicologia baseada em evidências.


O que evidenciamos em um processo psicanalítico é a apropriação do sujeito em relação ao seu desejo e o protagonismo em sua história libidinal. É um trabalho de resgate do sujeito e de seu gesto espontâneo.


Desde Freud, a psicanálise é atacada por parecer uma pseudociência. A briga é antiga. E, brigar por esse lugar, pode levá-la de fato a uma pseudociência, por tentar se enquadrar em critérios rigorosos que o próprio inconsciente não se submete. O inconsciente tem princípios próprios, o princípio do prazer e o processo primário.


Ser ou não uma ciência, estar ou não validada pela psicologia baseada em evidências, não deveria ser a grande questão da psicanálise. Essa parece ser uma disputa, tanto de psicanalistas — que fazem questão de marcar que a psicanálise só poderá ser validada se for enquadrada —, quanto de quem a ataca por não se enquadrar nos critérios rigorosos da ciência e da psicologia baseada em evidência.


Talvez, possamos pensar que a psicanálise, se enquadrando ou não, é a arte da interpretação de uma narrativa do e no sujeito. E que essa arte contribui para o resgate do desejo e do protagonismo, para além da ciência e da psicologia baseada em evidências que, pelo jeito, invalidaria Jung, Heidegger, Rogers, Reich, Husserl, Platão, Descartes, Sartre, Merleau-Ponty, Nietzsche e também, porque não, Freud.


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