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Quando a casa se torna a paisagem dos dias, como se produz arte?

Mostra artística e de cinema expõe o desejo de dar significado ao que estamos vivendo


Artigo publicado originalmente no site do VI Seminário de Pesquisa em Artes, Cultura e Linguagens do PPGACL - UFJF

Há uma divisão que nos traz até aqui, uma cisão entre palavras, manchas, frames: é ali, no espaço entre a escrita e a mão. Para nos situar, caminhamos por peles, numérico, na ordem do cinco, da epiderme ao mundo¹. Depois, ao observar partículas do próprio tempo vivido - no desmoronamento das ordenações - todo o caminho se destrói. Como habitar a quebra?

Materialidade é a condição.

A materialidade tem as camadas do fazer e do observar o feito, da linha nítida entre primeiro plano e fundo, a luz entre os pixels e o teto. Os seres, cada qual com suas inquietações, medos, imprecisões, procuram o que criar em terra arrasada, pois não se escapa: são os anos 20 e 21 do segundo milênio; há um recuo, há um encolhimento.

Nesta mostra o que pulsa é o desejo de dar significado ao que estamos vivendo, criar a partir da casa, construir cascas, com nossas experiências que buscam habitar o que restou das fronteiras de um imaginário colonizado, embrutecido, ensimesmado, desencantado. Todavia, o movimento aqui se enverga e amolece, fazendo curvas que se recusam a traçar uma linha reta, em uma constelação de imagens-bailarinas que vibram, manifestando a vida a partir de uma certa intenção de cada autor(a).

Corpos-de-fuga existência-pulga. veste do’eu. escrita na carcaça.

a riscar travessias no fora-a-dentro. nas quinas da sala. na floresta das relações.

traçar encontros no abre e fecha do que se diz (não)humano. nos cílios do mundo.

Ao nos depararmos com os 35 trabalhos desta mostra, perguntamos: Quando a casa se torna a paisagem dos dias, de que maneira isso influencia uma produção? O que acontece quando uma coisa que conhecemos muda de sentido? De que modo a precariedade é subvertida em potência criativa? Como colecionar toques à distância? Em que intensidade pensar no outro (na relação dos seres vivos e não-vivos) vira uma necessidade a ser refletida? Quais mundos outros nos são postos pelos corpos(as) que transgridem a norma? O que acontece quando a tela vira uma janela de interlocução? Como um corpo se comunica por gestos, cenas, imagens, palavras, sons, em busca do desconhecido? Em quais momentos o desejo de pensar imagens e sons passa a ser um desejo de ativar encontros?

As confluências que propomos traçar - não riscos definidos, mas manchas que se espalham em novos territórios sobre um mapa - vão de encontro aos indícios de incertezas. Como a topada surpresa com o desconhecido nas ruas. Uma tentativa de (arriscar) atravessar esses abismos de alteridade.

Esperamos que cada um leve um tanto do que está ao lado, ou lá do outro lado, e que esses isolamentos se tornem conversa, explosão.


Acesse o site do do VI Seminário de Pesquisa em Artes, Cultura e Linguagens do PPGACL - UFJF para ver os filmes e artes em exibição.


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